COM LICENÇA, GRAMÁTICA...

Eu tenho me dedicado muito à linguagem falada, deixando um pouco de lado a mania de gramática que cultivei até me matricular num curso de pós-graduação em Língua Portuguesa, onde se dava ênfase à produção textual e à linguagem, ou às linguagens.

Então vou pedir licença à gramática, fazer de conta que ela não existe no papel, mas somente no mundo da lógica e fazer uns comentários sobre coisas que a gramática escrita insiste em manter.

Essas coisas, em sua maioria, são as separações de sílabas. Por exemplo: A palavra REUNIÃO. Eu vejo essa palavra com quatro sílabas: RE-Ú-NI-AO. Como a letra U não pode ter acento, pois não é a mais tônica da palavra, então a escrita seria REÜNIÃO (com trema no U). É um hiato e não um ditongo decrescente.

A palavra PEIXE não é um ditongo, pois ninguém, mas ninguém mesmo, pronuncia PE-I-XE. Todo mundo pronuncia PÊ-XI. É ou não é? E quem manda mais? O que está escrito (letra morta) ou o que é falado, está na boca do povo, língua viva? Claro que é a segunda hipótese.

O verbo aguar traz um ditongo crescente? Penso que não. É A-GU-AR. Que eu A-GU-E, que tu A-GU-ES, que ele A-GU-E. É hiato. Eu sempre ouvi como hiato, desde criança. Não tem como não ser.

E as semivogais? Quais são elas? O "I" e o "U"? Só? Não. O "O" também pode ser semivogal. Se achas que não, vê a palavra MAMÃO. Pronuncia-se MÃ-MÃ-U. Então a letra "O", que aí tem som de "U", é uma semivogal. Vê mais esta: ÁREA. O "A" final é vogal e o "E" é semivogal.

Já há gramáticos que reconhecem o que afirmo acima, mas precisei escrever este texto para fazer uma espécie de AGGIORNAMENTO nos conhecimentos dos leitores, que por alguma razão não tenham se atualizado nas gramáticas dos livros. Então, aqui no RL, elas têm a oportunidade de ficar por dentro das coisas, sem ter que recorrer a uma escola, ou a livros de Língua Portuguesa.

Mas com relação ao hiato de RE-Ü-NI-ÃO, duvido que algum livro considere isso como hiato. Mas eu, sim. É hiato e acabou a conversa!