USO DA CRASE - UMA CONTRIBUIÇÃO
A crase é um processo no qual se juntam dois a, um é preposição e outro é o artigo feminino.
Para indicar a existência de crase usamos o acento grave (à). Daí se deduz que só pode acontecer a crase antes de palavras femininas. Portanto não se usa antes de verbos (ele me obrigou a caminhar, a zoeira começa a partir das 8 horas), palavras masculinas (entregou o presente a Pedro) e outros. Quando o a vem antes de palavra feminina plural também não há crase, pois aí só tem a preposição.
Ex;: Esta música é dedicada a meninas. Agora, se o a estiver no plural, aí sim. Esta música é dedicada às meninas. Veja a diferença: Ensaio – das 8 às 9 horas. Ou: de 8 a 9 horas. (ao das corresponde o às)
Como o a craseado equivale a uma preposição + artigo, a dica é verificar se a palavra masculina equivalente nessa situação levaria artigo. Ex: Esta música é dedicada aos meninos. Dei um refrigerante à irmã do Kim = dei um refrigerante ao irmão do Kim
Fui à casa do Bat. Fui ao barraco do Bat.
Você pode fazer essa verificação também utilizando as preposições de ou para.
Vou à casa de minha avó. Venho da casa de minha avó. Vou a casa. Venho de casa. Vou para casa. (neste caso não há crase, pois não se usa o artigo, só preposição).
Antes de localidades, verifique se o nome do local é antecedido da preposição de, quando você “vem de lá” (geralmente nomes de cidade o são). Recife (venho de Recife); Venho de Joinville, Venho de Curitiba. Venho da Bahia (aí tem), Venho da Serra do Rastro, Venho da Alemanha, venho da Holanda (geralmente, países com nome feminino levam crase).
Um exemplo: Vou de Londres a Paris, depois à Alemanha. (viram a diferença?)
Agora, se o nome da cidade não admite o artigo a, mas está particularizado, usa-se crase.
Ex.: Fui à Roma dos Cézares. Vou à Curitiba dos pinheirais. Equivale a: Vim da Roma dos Cézares. Vim da Curitiba dos pinheirais.
Também não se usa antes de pronomes ou artigos indefinidos ou demonstrativos, pois estes não admitem o artigo antes de si. Não se diz “a esta, o este, a nenhum, o nenhum, o algum, a alguma, o um, a uma”, etc. Escreva, portanto: Não dei bola a essa noticia. Isto está ligado a alguma fofoca. Mandei um beijo a uma guria. No entanto: início à uma hora; às duas horas, etc.
Com os pronomes relativos (qual, quais, que, etc.) usa-se crase quando estes se relacionam com palavras femininas que admitem crase. Ex. Esta menina, à qual dei um presente. Equivale a: Dei um presente à menina.
Como a crase significa uma fusão entre dois a, também é usada no encontro da preposição + aquele(a), aqueles (as). Dei um troco àquela guria.
Também se usa crase em algumas locuções femininas, principalmente para evitar confusão:
À margem, à espera, à vista, à queima-roupa, à janela, à porta, à medida que, à proporção que... , à beça, à direita, à distância, à moda e outros.
Veja, se eu escrever: Olhe a janela, é diferente de Olhe à janela. Bateram a porta, diferente de Bateram à porta. Vendeu a vista, diferente de Vendeu à vista.
• Em alguns casos a expressão à moda está oculta, aí permanece a crase. Cadeira à Luís XV. Arroz à grega. Desenhos à Picasso.
Uma pegadinha: A expressão “vou a terra” não tem crase em oposição a vou a bordo. Quem está num navio diz: vim de terra, e não vim da terra, caso em que estaria no espaço.
Quem vai ao palácio do governo, diz “vou a palácio, falar com o presidente ou o governador. Venho de palácio... é uma raridade, mas pode cair numa prova.