PONTUAÇÃO DE POEMAS


A delimitação do verso em linhas mais curtas, que na grande maioria das vezes não chega à metade da página, faz com que os sinais de notação léxica e de pontuação causem a impressão de excesso. Num poema todo construído em ordem inversa, por exemplo, aparece mais a pontuação do que a palavra. É pelo mesmo motivo que não gosto das letras maiúsculas no início de todos os versos. Além de estar em desacordo com o que determina a regra, quando a opção foi pontuar, representam excesso de informação. Se o final do verso representa uma pausa (pontuar parece redundância; marcar uma pausa na pausa). Creio que nos finais de verso, cabe apenas a pontuação enfática (expressiva): interrogação, exclamação e reticências.

As reticências apresentam um problema; evidentemente ajudam na ideia de um pensamento em suspenso, da indefinição, mas usadas em excesso também poluem. O mesmo para aspas (que vêm sendo substituídas por itálico pelas editoras) o apóstrofo, nos casos de apócope, e os travessões.

Alguns autores entendem que é necessário pontuar o interior do verso, quando se pretende definir um significado, e apenas isso.

Creio que essas opções caem bem para os poemas em versos livres.

Já no caso dos poemas de forma fixa, que seguem regras, creio que a pontuação deve ser empregada, e com bom critério. A elaboração do poema deve incluir cuidados em relação a conteúdo e forma, de modo que o uso correto da mesma não acarrete um excesso de notações. Contudo, deve ser usada corretamente, inclusive utilizando letra maiúscula apenas nos casos indicados.