O TREMA FOI ABOLIDO, MAS A PRONÚNCIA DO "U" CONTINUA
Em contato com profissionais de diferentes áreas, o articulista continua a perceber que persiste a impressão de que a queda do trema está significando que o U deixa de ser pronunciado. Essa é a razão por que estamos voltando ao assunto.
A supressão do trema, vale repetir, não significa U mudo. Sendo assim, quiproquó (confusão) tem de ser prolatado com a cautela de se pronucniar o U. É o mesmo caso de quinquênio, quinquelíngue, linguiça, etc.
Por questão de justiça, para dar o mérito a quem merece, o articulista volta a lembrar que o professor gaúcho Francisco Dequi, há mais de três décadas, já afirmava, em seus trabalhos, que o primeiro O do encontro OO não preçcisa de acento: voo, abençoo, enjoo, perdoo, zoo. Salientava Dequi que o primeiro E da terminação EEM também não precisa do diacrítico pelo fato de as referidas vogais terem tonicidade natural.
Gramáticos ilustres não deram importância às percepções do gaúcho Dequi, mas o Acordo Ortográfico referendou a teoria Dequiana. A propósito do professor Dequi, merece registro o pensamento dele de que mais de 90% das palavras podem ser acentuadas com base em regra única.
O autor deste texto lecionou no Colégio Cruzeiro do Sul de Porto Alegre de 1991 a 1994. Em um encontro com as alunas do Magistério, ao ser comentado com as alunas que as regras de acentuação se reduzem a uma, aconteceu um questionamento: "Se é assim tão fácil, por que não ensinam desse modo?"
Ariostóteles já dizia que "as paixões humanas são onze, mas se reduzem a duas: amor e ódio". Parece que havia um sentimento, mesmo em nível inconsciente, de não dar valor ao que alguém descobriu em primeiro lugar.