ESTE, ESSE, AQUELE

Os pronomes demonstrativos ESTE, ESSE e AQUELE constituem pedra de tropeço para os que falam e escrevem a "Última Flor do Lácio Inculta e Bela". Ah! Se fosse bela mas não tão complexa quanto! Aí não teria graça, não é mesmo?

A graça é a pesquisa, é surgir uma demanda dessas e o "professor" de "EAD" pesquisar no baú da memória (ou nos livros mesmo) e fazer sua explanação.

Neste caso, apelo para a própria memória. Já que se trata de três pronomes para três situações diferentes, vou explicar cada situação. É pena que não possa utilizar os recursos didáticos atualmente disponíveis. Vai ser somente com palavras mesmo.

Situação nº 1: O objeto demonstrado está próximo de quem fala (ou escreve). Use o pronome ESTE sem a menor sombra de dúvidas, com toda a segurança. Assim, se eu disser: "Alighieri, você gosta desta cidade?" Não tenham dúvidas de que eu, que falo ou escrevo, estou na cidade a que se refere o pronome ESTA.

Situação nº 2 - O objeto demonstrado (vou continuar falando da cidade) está distante de mim (o emissor da mensagem) e também do Alighieri (receptor da mensagem). Então eu digo: Alighieri, você conhece aquela cidade? Neste caso, tanto faz eu estar falando "tète a tète" com o interlocutor como estar longe dele, pois o ponto aqui é a cidade, que está longe dos dois, não interessando onde os dois estejam, ou se estão perto ou longe um do outro.

Situação nº 3 - O objeto está longe de quem fala e perto de quem recebe a mensagem. Use o pronome ESSE. A frase vai ficar: "Alighieri, você gosta dessa cidade?" Estou-me referindo à cidade onde o Aliguieri está. Mas eu estou noutra cidade. Pode acontecer também na fala, estando os interlocutores um pouco distantes, mas um vendo o outro (ou sabendo que está perto, dentro de algum vão, por exemplo): "Aliguieri, acenda ESSA lâmpada, por favor". A lâmpada está perto do Aliguieri, lá no final do corredor, mas eu, que fiz o pedido, estou no início da referida área de circulação.

Quando tais pronomes se referem a coisas virtuais, como é o caso de textos (como ESTE texto que estou escrevendo) é preciso ter bom senso e analisar a situação. Nem sei se há gramática com essas minúcias todas, mas vamos criar umas situações virtuais, além dESTE texto que estou escrevendo.

Vou fazer de conta que estou comentanto um texto do Recanto das Letras. Eu escreveria: "Parabéns, amigo do RL, ESSE texto que escreveste é maravilhoso". Eu "faço de conta" que o texto está lá no computador dele.

Na verdade, o texto está em um dos servidores do sítio UOL. Longe dos dois. Mas, convenhamos: No mundo virtual, perdemos a noção de distância. Está tudo próximo, como se o mundo já estivesse vivendo o reino de Deus, que é a união de todos em um só. Portanto, o bom senso, a harmonia e até a intuição podem falar mais alto do que os milhões de mandamentos da Lei dos inúmeros deuses da gramática.

Vou aproveitar o ensejo e pedir aos leitores desta "aula" que passem uma vista no meu texto EM DEFESA DO MUNDO VIRTUAL, que fala na união entre os humanos por meio da Internet, dos sítios de relacionamento, dos endereços eletrônicos.

Um detalhe: Se eu for usar o pronome demonstrativo para o texto que acabei de citar, nem sei o que utilizar. Mas se eu usar AQUELE, lá se foi a proximidade do mundo virtual. Se usar este, parecerá que o texto está aqui, na tela do computador, diante dos meus olhos. O bom senso me pede para quebrar a regra exposta na situação nº três, que utiliza ESSE para os casos em que somente o emissor está distante. Neste caso, vou pedir que leiam ESSE texto (EM DEFESA DO MUNDO VIRTUAL) em virtude do bom senso, da intuição e da harmonia, apesar do texto estar "longe" dos dois e ao alcance dos dois por um simples clique do RATO (tradução para o "portupiniquim": mouse).

António Fernando
Enviado por António Fernando em 26/07/2009
Código do texto: T1720058
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