Seu ou Teu?
Seu ou Teu?
É hora da redação, não dá para consultar o caderno e no meio da escrita você tem uma dúvida cruel: e agora, escrevo seu ou teu?
Não te desesperes, eu também já passei por isso. Minha dúvida durou até que estudando em vários livros - gramáticas - fui analisando o contexto no qual os dois pronomes possessivos eram usados.
A primeira coisa que percebi foi que sempre que se usava o pronome seu fazia-se referência a uma terceira pessoa. Explico melhor. É como se nós dois estivéssemos conversando sobre o vizinho e ele não estivesse presente. Imagine que a conversa fosse sobre um cachorro e tu me dissesses: Jackson, o vizinho viajou e seu cachorro ficou em minha casa. Achei sua atitude estranha, mas não me recusei, afinal seu animal é um amor!
Percebes? Estamos falando de um outro alguém. Neste caso, o pronome indica que existem dois interlocutores (1ª pessoa EU e 2ª pessoa TU) dialogando sobre uma terceira pessoa (3ª o vizinho, ele/ela) representada pelo pronome SEU.
Sendo assim, qual a conclusão afinal? De quem é o cachorro em questão? Meu ou do vizinho? Do vizinho, claro!!
Toda vez que se quiser indicar um terceira pessoa usa-se o pronome SEU ao invés do pronome TEU que indica referência à segunda pessoa do singular Tu.
E quanto ao pronome TEU quando usá-lo coerentemente?
Imagine que o animal seja meu e não do vizinho - que seria, neste caso, a 3ª pessoa. E me dissesses: Jackson, você viajou e o teu cachorro ficou em minha casa. Achei tua atitude estranha, mas não me recusei, afinal o teu animal é um amor!
Consegues perceber a diferença? O uso do TEU em lugar do SEU muda todo o contexto da oração, não é verdade? Pois não existe uma terceira pessoa. O que há são duas pessoas conversando e a primeira (EU representada pelo pronome 'minha', neste caso você que está lendo o texto) reporta-se à segunda pessoa (TU, neste caso representada pelo pronome 'TEU') diretamente e não a uma terceira pessoa. Deu para entender?
Deixe-me contar uma piadinha que li numa revista há alguns anos.
Um homem contratou um detetive particular para investigar um dos sócios da empresa. Após alguns meses de investigação o detetive entra no escritório do ansioso desconfiado e faz-lhe o seguinte relatório: ""Senhor Francisco, todos os dias o Senhor Wilson deixaseu escritório e enquanto trabalha ele entra em seu carro, dirigi-se à sua casa, almoça, deita-se em seu sofá, descansa assistindo futebol em sua linda TV, depois faz amor com sua esposa, banha-se em seu banheiro e retorna ao escritório, onde o encontra ainda trabalhando. Isso é tudo!" - diz o detetive.
Francisco que ouvia atentamente, levanta-se com um enorme sorriso nos lábios e fala ao detetive: " - Então todas as minhas suspeitas são absurdas? Meu sócio não está tendo um caso com minha mulher?!? Que bom! Quanto eu..." Antes que concluisse o detetive o interfere dizendo: Espere aí Sr. Francisco, não foi isso que eu disse. Acho que não fui claro. Todos os dias o sr. Wilson deixa o teu escritório, e enquanto trabalhas ele entra em teu carro, dirigi-se à tua casa, almoça, deita-se em teu sofá, descansa assistindo futebol em tua linda TV, depois faz amor com tua esposa, banha-se em teu banheiro e retorna ao escritório, onde o encontra ainda trabalhando!"
Percebeu? O uso do pronome adequado acabou com a ambigüidade. Perceba que quando o detetive usa o pronome possessivo indicador de segunda pessoa a história muda de figura. Ele estava dizendo, desde o início que o sr. Francisco estava sendo traído mas de forma ambígüa e a troca de pronomes deixou o homem ciente daquilo que realmente acontecia entre o sócio e a esposa.
Espero que tenha ajudado. Caso tenha complicado mais já sabe o que tem que fazer. Só restam duas opções: 1ª nunca mais acessar o site, 2ª mandar seu pedido de tira-dúvidas.
Um forte abraço e boas letras!
Tio Jack