ELIPSE E ZEUGMA PARA NÃO REPETIR PALAVRAS
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Figuras de Linguagem
A Elipse é uma importante figura de construção ou sintática. Seu uso é fundamental para que as frases não apresentem uma extensão exagerada, o que prejudicaria o entendimento dela. A elipse é, na verdade, uma espécie de economia de palavras. É o apagamento, intencional e facilmente identificado, de um ou mais termos na frase, que ficaria desse modo, subentendido:
● No mar, tanta tormenta e tanto dano.
Nesse verso de Os Lusíadas, Camões, intençionalmente, apaga o verbo haver, deixando-o elíptico e facilmente identificável. Evita, assim, o mestre português, a repetição desnecessária do verbo e a redundância:
● No mar, há tanta tormenta e há tanto dano.
A elipse é, no geral, um procedimento bastante comum. São comuns as elipses dos pronomes (sujeitos), dos verbos e de palavras de ligação, como as preposições e as conjunções:
● João estava com pressa. Preferiu não entrar.
● De mau corvo, mau ovo. (provérbio)
No primeiro exemplo temos, na segunda oração, a elipse do sujeito João (preferiu não entrar). Aliás, a elipse do sujeito é favorecida por muitas formas verbais que indicam seu sujeito sem a necessidade de expressá-lo. É o caso, por exemplo, de preferiu, preferimos, prefiro etc. No segundo, temos a elipse do verbo vir: De mau corvo, vem mau ovo.
A elipse das conjunções e preposições assegura à frase concisão, leveza e desenvoltura:
● Oxalá tenha razão. (M. Assis) E não: ...que tenha razão.
● Assegurei-me que nada faltaria. E não: ...de que nada faltaria.
De belo efeito é a elipse nestes versos de Manuel Bandeira:
Nossa! A poesia morrendo... / O Sol tão claro lá fora.
O sol tão claro, Esmeralda, / E em minha alma – anoitecendo!
Neles temos a elipse do sujeito: Nossa Senhora! E, várias vezes, a elipse do verbo estar: O sol está tão claro – Em minha alma - está anoitecendo!
O Zeugma consiste no apagamento, isto é, na supressão em orações subseqüentes, de um termo expresso na primeira, por exemplo:
● Você chuta para mim e eu para você.
No exemplo, o verbo chutar presente na primeira oração é omitido na segunda: ... e eu chuto para você.
Repare que o verbo omitido, se expresso, deve concordar com o sujeito da segunda oração: eu chuto.
Outros exemplos:
Cada criança escolheu um brinquedo; o menino, um carro, a menina, uma boneca. [omissão do verbo escolher]
Foi saqueada a vila, e assassinados os partidários dos Filipes. (Castelo Branco)
No segundo exemplo, se formos expressar o que foi omitido, teremos que utilizar a forma verbal [foram]: ...e foram assassinados...
Precisarei de vários ajudantes. De um que seja capaz de fazer a instalação elétrica e de outro para parte hidráulica pelo menos. [omissão do termo ajudante]
Pelo que vimos não é difícil perceber a excelência da elipse e do zeugma: dizer mais com menos palavras ou não repeti-las. ®Sérgio.
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