Pesquisa de Campo: Aula de Gramática
AULA DE GRAMÁTICA
Após uma visão do preconceito lingüístico, passemos a prática realizada da pesquisa de campo. Esta pesquisa consiste em questionários aplicados nas séries do ensino fundamental de escolas públicas, e que serão enfatizados os resultados de pesquisa nos próximos capítulos.
Para conhecer o percentual de PL foi desenvolvidos um questionário com seis perguntas[1]. A proposta é mostrar qual o grau de Preconceito Lingüístico entre os alunos. Além disso, outro objetivo se faz presente: mostrar que a língua falada (português não-padrão) não é vergonha para aqueles que a usam, seja no âmbito social, econômico e cultural.
A proposta inicial é verificar quantos alunos gostam das aulas de gramática. Num universo quantitativo geral de 135 alunos, apenas 80 dizeram que gostam das aulas de gramática, pois o estudo se faz necessário para aprender a falar e escrever corretamente. O que vemos, talvez, não é o gostar de estudar gramática, mas o preconceito de que se não estudar gramática não saberá falar e escrever corretamente sua língua materna.
Vejam algumas respostas:
1. Você gosta das aulas de gramática?
(1) Sim, pois acho que é necessário saber falar direito e corretamente.
(2) Sim. Porque eu aprendi muitas coisas na gramática e falo um pouquinho errado.
(3) Sim. Gosto por que “a agente” se interessa mais e acaba aprendendo a falar certo e escrever certo.
(4) Mais ou menos. Porque é um pouco complicado, mas ao mesmo tempo é bom, porque assim nós vamos aprendendo as coisas.
(5) Gosto porque “agente” pronuncia o português correto.
Quanto aos alunos que não gostam das aulas de gramática foram 55, segundo eles as aulas são difíceis, complicadas e cansativas. Também responderam que é importante estudar gramática, pois é necessário para aprender a falar e escrever corretamente.
Vejam algumas respostas:
(6) Mais ou menos. Eu não gosto muito das aulas, mas é boa para aprendermos a falar as palavras corretas nas horas certas.
(7) Não. Por que eu acho chato, e é um pouco difícil.
(8) Não. Além de não estudarmos muito eu não gosto.
(9) Não. Acho um pouco complicado.
(10) Não. Mas tenho que assisti-las por que vai nos ajudar no futuro.
(11) Não. Mas é preciso aprender pelo menos quem quer crescer na vida.
(12) Não. Porque é cheio de regras.
(13) Não, porque tem vez que não entendo e é cheio de regras.
De acordo com as respostas vemos o quanto o PL está inserido entre os alunos, em (1), (3) e (6) existem o preconceito de que estudar gramática é necessário para aprender a falar correto. Em (3), (5) e (13) mostram a interferência morfossintática da fala não-padrão na escrita. Em (12) e (13) mostram a dificuldade de estudar sua língua padrão devido às regras (gramática normativa)[2]. Para os alunos o uso da língua não-culta é um mal referencial no meio em que eles vivem, dominar a língua padrão é o caminho para a inclusão social