Chuva no De Repente
depois,
bem depois,
veio
caminhando
a tempestade.
se chove,
faz guarda
pra chover
mais.
quem ficou,
de água, molhou,
quem acinzentou
à sombra
de seco,
se abrandou.
história
vai,
história
vem.
de amor
venho
carregando
minha flor.
- de nome
Azel ,
pela
rua afora.
pois
amor
fizemos
agora
sob plena
chuva
de cair.
oremos!
era nós
mesmo,
de lambra e cálido
cobertor.
mesmo molhados,
se faz,
juras,
pois usamos
luvas de
amianto,
e um toque
de calor
onde
se faz
acalanto,
meio aguado,
mas plenamente convicente !
Izabella
zero que
trás.
zero
que leva
dois.
nesta vida
de barro
só encontro
o vesgo
da pedra,
os riscos
de pó
da brita,
que na multidão
de ar,
solavancam
e fazem
danças.
dançam
o misterioso
ritmo
do acaso:
se der,
se não der,
não erro,
ela sempre
está
lá.
vida que vai
vida que vem.
sou simples
daqui.
mas
um dia encontro
ela
vestida
de vermelho,
bem da cor
da minha terra.
E damos as mãos
e vamos
para a terra que não tem fim !
A vida e a ternura de uma muher não pode ser comparada ou ser medida. Há de ser necessário
plainar em seus ollhos ou sobrevoar seu corpo, igual a uma flor, num pleno de num jardim luminososo. Pois ela conjuga a flor e a luz.
A Eternidade Sem Nome
A Marcha Lenta dos Pardais
Atendo pelo mesmo nome,
sou vizinho de uma porta,
tenho sentido das coisas
e me perco nas paredes,
que lá meu espírito entortam!
Sou vesgo por um seguro bem treinado,
gosto de cadeira macia e refinada.
Sou do interior e marcho lento
ao largo dos pardais
que vagueiam ao plento.
Ao cair da tarde atendo
pelo mesmo nome;
moro ao lado de um pacote turístico,
sou um evento sem exterior,
sem nunca ter visto o mar!
Nem me refeito no sal altruístico!
Sou certo até determinado ponto,
onde se ponteiam as cruzes,
sou determinado e longo,
mas me desfaço quando reservas
não há
no coração desta gente que, dizem,
de tantas luzes!
Quando sigo meu caminho, vou
com tristeza.
A todos perdi, com certeza.
Certeza disso tenho no meu vôo.
Por isso a tanta paz que te peço
está em suas mãos de meiadas caridades
Faz dela meu porto de chegada
e minha eterna permanência
em sua eternidade!
Pálido e fresco
jardim de orvalho
-bem querido -
que me acresce,
cada dia, de miúdas
gotas de ser livre.
Destilo e broto,
a cada minuto,
a eterna sensação
de que sou
apenas lantejolas!
Ah! Se pudesse, se pudesse
tal!
Fosse adereço,
um longo atavio,
um enfeite de feliz,
e me tornar gala e ornato.
Me tornar peça de
adorno - que fosse -,
destas flores que
são metade de seu amor,
outra metade de seus,
sem meras aparências,
ombros angelicais, que pousam
selenos,
pedindo passagem pela nossa terra,
onde comungamos, nós dois,
rezas de eterna querência !
O Tempo Comeu
Restos de coisas,
da sesmaria,
raridades da alma,
me percorrem igual
a um tempo sem ponteiros
por um céu escorrido em calmaria.
Nada levam de mim,
pois de pouca raridade sou feito,
mas procuro, dentro deste tempo,
o açoite que me adestra a dor,
e me leva a um campo de leitos
dos queridos e amados,
feito flor desarmada.
Antes, meus,hoje,
pelejam só na morte!
Não há senso nesse passado,
só figuras dançantes em ritmo
iluminado pela noite,
e que se refletem no
alado trem que dispara, sem trilhos,
para a Cidade do Não Sei.
Não sei perder,
mal sei ganhar,
tenho fama de torto,
e minha deusa do amor
sugere sua indiferença
ao me esquecer.
Ah! Alcatéia de monstros
dispersem minha ânsia
lá no fim do mundo,
onde meu amor não
tem mais rosto
e,eu,danço sem corpo!
Ah! Esse Tempo !
O tempo comeu!
O tempo fez de conta
que não viu,
deixou passar,
ficou assim,
eu com suspeitas de
saudade,
você lânguida
você sempre
me fugindo,
e eu, sem eiras
e beiras
recrutei o acolá.
Sozinho fiquei
no fim da estrada
onde começava outra
e se terminava sem fim.
Pois,
a criança levou,
a fada crismou,
o pai chorou,
a mãe, ensandecida,
se partiu.
Enquanto você sonha,
pensa que
você fez parte de
alguma coisa.
Depois, tudo passa,
entra a realidade.
E nesse fim sem fim,
fico a meditar
como um santo
meio suspeito,
e penso medroso:
mas até lá,
ou até aqui,
até a paisagem levaram ?
E me deixaram
sem tudo ?
Homem Pluma
A pluma deixa a mensagem de suavidade.
Revoar com ela nos apazigua ao ponto da levitação.
Este estado só é perceptível ao homem em estado desesperador.
Neste ponto, ele alcança o início e o fim das coisas.
É um extase de sentimentos que o aproxima de um abismo onde ele paira entre sua levedura e o vento.
Assim, se ele é fruto do conquistar é também da semente do perdedor.
Ou ele se arremessa pra dentro de seus sentimentos, ou se deixa levar, como uma pluma, para o interior de outros espíritos, em que já viveu e perdeu.
O homem que tem o toque de pluma está em constante choque entre o que vê, o que sente e para que caminhos será levado.
Ele não é dono de si, mas é um todo de dúvidas.
Na sua vida é mais fácil ele viver o que passou, do que viver o futuro, que, fatalmente,vai durar nada mais do que alguns segundos.
O homem pluma é o homem-bar. O homem-fuga é o homem-copo. Tolice se ele não fugir!
Cristais e o Barro
Estrela Fácil
Moro numa estrela esquerda,
situada a oeste do Equador,
que instiga de poucas luzes
a cidade de Mediador.
Fui lá colocado pela fada madrinha
que, cansada de me ver só e
sobrevoar o vazio,
me deu guarida e um protetor contra solares
pedrinhas!
Virei asssim instrumento do céu,
- saída verídica para quem só remexia
pela Terra e bolinava a vida dos outros
até aqueles que não usavam chapéu.
Foi guarida boa: fico sabendo
o que está acontecendo ao sul,
e o prumo do vento oeste
que vêm pendente e oscilante,
tudo muito fácil e ocasional:
represento minha família quase em pranto.
Pra dizer a verdade, lá na Terra
as áreas já estavam alagadas de solidão.
Solidão sem rumo, sem bússola, onde tudo emperra
e me chamuscavam de ansiedades no paredão.
Não que eu tenha classe especial,
mas fez ela por bem e me deu de restos
- como uma serenata tropical -
pois, daqui, vejo lampejos de festas.
E assim me tornei estrela,
mas como tudo é complicado
e difícil,
virei estrela fácil -
manuseio de todos
os prantos !
O Menino Que Sonhava a Vida
ande depressa
antes que a carroça
pegue;
ande de vez, antes
que o vento te apegue.
sou criança da hora,
sou pernas curtas
de idade,
sou amém das missas
sou agora,
mas sem tempo.
mas sei correr,
pela flaina de flores
que despontam
soberbas,
em meus sonhos,
sonhos brancos
e coloridos, que
eram meus sonhos azuis
e, por isso,
por piedade,
os anjos e
loucos arcanjos,
já não me deixam,
por dentro,
de todo
viver!
Pietra
Ordeno meus pensamentos,
onde toca a dança,
faço uma pedra
bem afeiçoada,
pedra bem ao gosto,
amarrotada pelo tempo,
esquecida no embrulho
da montanha.
Pedra que me faz pedra,
gente que me atiça adiante,
com fagulhas de ardósia,
criam uma moldura azul-afogueada,
e fazem
passos de um só homem
de uma vontade sem levantes.
Na vida,tudo amarroada!
Procuro lembranças dela
no pôr-do-sol,
onde desfila na vitrine
das despedidas.
Mas, se hoje sou eu que me perco
de saudade e sem vida,
a procura da moldura dela,
amanhã será você,
a procurar a verdade de tudo.
Mais virá tarde:
virá pedra sob pedra,
na ardósia da vida,
onde nada restou, senão pó,
de nosso grande amor gratinado
de só de adeus - sempre longo -
disso só viveu!
A musa-mulher sempre me levou para um sonho azul
Bruxa
história esquisita,
história estranha,
das bruxas que vi.
elas se vestem de gente
mas são palhoças,
se vestem de rainhas
mas são escombros,
se vestem de alegria
para roubar
legados
dos homens da Tanzânia !
ah! vida que me entranha
destas bruxas ralas
de hoje em dia
ela só fazem
luzes dos maléficos !
mas que eu sei que sei,
eu sei,
mas que também sei
que não sei,
também sei.
ah! solta outra bruxas
e põe a rodar no céu,
pra ver se voam
ou são apenas ursas .
pois minha alma
não tem lei ,
nem é afeita
à fantasmas
ou companhia de bruxas
sem vintém
sem sonhos
feéricos !
Elas somente andam
com facas de pajém
pra matar
até no além.
Um Dia
um dia,
dia sim, dia não,
chamei meu pai de
forte
e minha mãe de flor de lis.
um dia chamei meu mestre de dono
e meu oeste de decepção,
meu norte de esperança,
já que lá no sul
debruava
choros de mulheres
vestidas de camaleão.
um dia chamei
meu amor de vida
e minha morte de vazio,
chamei o rei de basco
e a rainha de tigresa,
que distribuia
bondades e maldades.
e pela vida fui chamando
até, que de algum lugar,
onde se fala amando,
me mandaram me chamar,
eu fui porque todo
mundo
tem sua hora
de mandar.
então, minha amante
chamou o féretro,
pomposo e florido,
mas com o omissivo de dor,
enquanto, minha amada,
chorava feito
rosas sem dono.
e tudo se ruiu,
e feito Roma,
não sobrou nada,
nem os que do poder,
fluiam.
Mel e Fel
até o fim
bem longe
do mundo...
chegando perto,
sujo ou limpo
tô indo pra lá,
decerto!
aqui não fica nada,
aqui é água
doce
é ponte sem destino.
você conta uma história
sem véu,
parecida com a cor
do céu!
que eu
conto outra
hora.
Agora eu digo,
sem vistoria,
uma coisa é certa:
aqui não
fico mais,
por questão
muito simples,
eles misturam fel
com mel !
em vez de leveza,
dá azedo !
O HOMEM QUE SONHAVA AZUL
Não era uma vez,
que
foi levantando
o pó da vida,
que encontrei você
agastada,
no meigo mundo
que te fizeram.
Foi erguendo bandeiras
dos sem pátrias;
foi carregando espadas
sem nome,
foi empurrando as cinzas,
e sufocado com minha
própria voz,
que consegui,
era uma vez,
te conquistar.
Mas foi por pouco,
muito pouco,
que sua vida não foi
minha vida.
Um cavaleiro de
cisco dourado
sobrejou da esquina
e, soberbo como
as cotovias da primavera,
chamou pelo seu nome
e levou você e minha dor.
E era uma vez,
sem hora marcada,
sem dono,
atrelado à dor
que, penso agora,
cadê você?
Só pode estar dentro do meu azul,
que tem cor,
mas é sempre magoado
pelo branco-aniz.
Meia-água do Perdão
Coisas da alma,
sobretudo dos espíritos,
meia-água de perdão,
que invade agora
nossa solidão.
Estar junto já
vale pouca coisa;
é como beber
um vinho doce
e no fim se perder
no aguardente.
Não foi por mal,
foi a engrenagem da vida:
uma hora prá frente,
outra prá trás;
sem maldade
apenas ela tinha piedade.
A gente vê as coisas
cairem
como um dia sombrero que
se esvai,
como as pétalas amaciadas
das figueiras se deixam
e se partem ao vento.
A gente vê isso o dia
inteiro, é certo,
mas quando a gente
se vê dentro de
uma história de amor,
é outro capítulo prá calcular.
Ai dói mais,
É uma lança de
duas pontas,
tão arfado como um raio
de sol.
Você sente e
os outros pensam
que não.
Mas está ali:
é uma classe especial
prá fugir da gente
como um raio que bate de repente!
Não mais importa.
Se perdi, perdi dobrado
e, ela, se ganhou,
fingiu ser gloriosa,
correu do sim
e se agasalhou no não.
Meu espaço foi tomado,
sugado pelo tempo,
vivo agora de choro e
lágrimas sofisticadas,
pensando só nela,
no tempo dela,
que morreu em mim
na fronteira final,
entre a dor e a saudade.
Sou agora a última etapa:
um resto, sem ser amado!
Venho do Resto de Flores Cálidas
Venho do lago,
lá do norte ou do sul,
que cruza a ponte
que divide o céu da terra,
lá, onde nasce o sol
e acalenta a fria lua.
Sou do norte,
cavaleiro azul,
postejado de armas,
de coração amado,
de corpo sufocado,
pela falta dela.
Sou pronto
para a guerra,
às lutas impávidas,
lençoadas de morte,
mas não estou armado,
para enfrentar
a solidão dela,
o rumorejo de seu perfume,
a fala mansa e cortejada
de minha rainha
que desapareceu
por entre as paredes
dos sós.
Entre o norte ou o sul,
pois havia uma ponte
a nos separar, e lá chamam,
sôfregos, assim, de sopetão:
o laço de corda vergada,
que separa minha vida da sua,
é prima da casa da adeus,
pois neste amor proibido,
jamais vão nos deixar
alentar nossa paixão!
(Poesias dedicada à Ticiana )
Maino Vento
se minha vida
é lenta,
pois devagar
revivo,
nada mais me
apressa.
do torno às
quinquilharias,
sou apenas
uma coisa que
não corre,
uma coisa
sem faina,
só caindo em
cálidas
armadilhas.
quando nasci,
quase de pronto,
disseram
baixinho:
esse coitado!
bem, sussuraram -
esse vai ser
rei sem rainha,
dono de
pouco
vento,
jardim de poucas
flores,
e vai viver
bem lento.
lento,
e pobre fermento!
ele será rumo
de velas
de lamento
de
donzelas,
e sempre
lento dirá:
isso é o que
acontece
com a gente,
que vive pros
amores, de
mulheres em
com eterna dor
de lamentos !
(Poesia dedicada à Ticiana )