Trecho do poema Voz, da poetisa dramaturga, ensaísta e jornalista Venezuela Ida Gramcko
MOTE
Voz
(Ida Gramcko)
Vou chegar ao topo! Vou ter todas as flores
azuis e molhados que habitam nas cavernas,
um claro concerto de pássaros e vozes
no desfiladeiro virgem da terra nua.
GLOSA
Ravina melodiosa
Vou chegar ao topo! Vou ter todas as flores
depositadas no catafalco destemido
da paixão de Cristo
onde insistem despojá-lo.
A escada que leva ao monte Sinai da vida, são
azuis e molhados que habitam nas cavernas
dimensionais do pós vida Severina,
do momento diverso esculpido na lança do destino.
Futuro, finalidade aplicada na motivação,
estrela da fortuna que corta a pele onde se eleva,
um claro concerto de pássaros e vozes
em resistência a ventania que em segredo acerta a hora.
Todo amor que encanta o sol
nasce no virgo dos cânticos dos cânticos,
na ravina melodiosa da escrita,
no desfiladeiro virgem da terra nua.