Estou muito desconfiado

Estou muito desconfiado:

As vírgulas dos meus textos

Passaram um bom tempo no

Sítio do Picapau-Amarelo e

Não quiseram nem saber de D. Benta,

Tia Anastácia, Narizinho, Pedrinho

E nem mesmo do Visconde

Este quis estar com elas por todos os lugares

De quem elas gostavam mesmo era da Emília

Pois bem, aprenderam com esta a serem rebeldes,

A estarem onde quisessem, do jeito que quisessem

Aprenderam a não obedecer às regras

Ficam onde querem, mesmo se não devem estar ali

Somem de lugares que deveriam estar

Uma coisa! Me dão dor de cabeça essas vírgulas

E o pior que arrastaram todos os seus irmãos para essa rebeldia

Não obedecem os pontos, nem os de exclamação, interrogação,

Nem ponto parágrafo, quando estão juntos em dois pontos e nem ponto final.

Ponto e vírgula, juntos, então, a vírgula o deixa além de rebelde, debochado

Fazem dancinha para pirraçar, dão língua, dão banana de braço, uns pestinhas

Confesso que cansei!

Embora meu avô, meu pai e meus tios tenham cuidado de gados

Não aprendi a aboiar e muito menos tanger rebanhos

Portanto, nem que tentasse, de forma desentoada, boiar,

Não consegui tanger as vírgulas nem os outros sinais da família

Desisti, elas me venceram.

Aparecem nos lugares que querem

E o texto do escrevinhador se mostra assim

Com cada rês esparsa no pasto ruminando onde querem

Emília do Sítio do Picapau-Amarelo me fez uma grande rebelião

Essas vírgulas e pontinhos são como filhos

Não consigo viver sem eles

Não consigo discipliná-los como devem ser

Se eu quiser escrever é fazendo dengo

Para serem menos rebeldes

Me conformando somente se o texto se torna legível

Rodison Roberto Santos

São Paulo, 09 de setembro de 2023

Rodison Roberto Santos
Enviado por Rodison Roberto Santos em 02/05/2024
Código do texto: T8054536
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