Janela de Johari
Hoje lhes peço sem ira:
Não jogue a primeira pedra
Aquele que sempre medra
Nunca se escuda em mentira
Toda a verdade me inspira
Mesmo sendo um fingidor
Por vezes acusador
Também uso puro manto
Nenhum ser humano é santo
Eu também sou pecador
Um Dalai, Buda ou Jesus
Eu sei que jamais serei
Muito já reencarnei
Carregando a minha cruz
Com mentira e com capuz
Sigo sendo um sofredor
Buscando o bem com ardor
Ciente que causo pranto
Nenhum ser humano é santo
Eu também sou pecador
Se só no outro vejo inferno
Ele pode está em mim
Agora pensando assim
Vou anotar no caderno
Repetir e ser fraterno
Dos meus erros ser credor
Fugir do bajulador
Que se mostra sacrossanto
Nenhum ser humano é santo
Eu também sou pecador
Meu sepulcro também pinto
Queria expor como é
Mas sem me esconder na fé
Nem mascarar o que sinto
Queria ser mais sucinto
Confesso-me um falador
Tal qual você, busco o amor
Também causo desencanto
Nenhum ser humano é santo
Eu também sou pecador
Meu espelho tem mil faces
Vejo apenas o que quero
Preciso ser mais sincero
Não ter folhas, qual alfaces
Tantas máscaras e interfaces
Faz perder meu esplendor
Então abandono o andor
E em Johari causo espanto
Nenhum ser humano é santo
Eu também sou pecador
Para ter o seu perdão
Eu preciso perdoar
Aprender a me calar
Não preciso ter razão
Insistir na discussão
Faz aumentar o calor
Causa dano e muita dor
Isso vou parar portanto
Nenhum ser humano é santo
Eu também sou pecador
Não basta me confessar
Preciso ter coerência
Verbo vazio na essência
É mera palavra no ar
Vou orar e vigiar
Para não causar pavor
Tentando não ter rancor
Eu canto o meu acalanto:
Nenhum ser humano é santo
Eu também sou pecador.