Infeliz é o Pequeno
Desde a jovial idade,
Sobre derrotas, vitórias,
Também riquezas e escórias,
Aprendemos a metade.
Ninguém sabe, na verdade,
Até que vai para fora
E sozinho triste chora
Descoberto no sereno.
Infeliz é o pequeno,
Que o grande chega e devora.
Alguns já desde nascença
Sofrem os males da vida,
Mas há pessoa crescida
Sem qualquer boa valença
Que até mantém a crença
Numa afortunada hora
Em que o dolor vai embora
Pra deixar o clima ameno.
Infeliz é o pequeno,
Que o grande chega e devora.
Vivendo a vida por tombos,
Seguem os pobres andantes
No martírio dos errantes.
Têm na vida tantos rombos,
Na pele tantos calombos
Das andanças desde a aurora.
Ter tristeza onde se mora
É um terrível veneno.
Infeliz é o pequeno,
Que o grande chega e devora.
Glosa: Daniel Lira;
Mote: autor desconhecido.