Adivindo Soberbais
Com dinheiro, arrogância e mal querer
Todo rico se julga ser melhor
Não tem pena das gotas do suor
Que ele extrai por migalhas de outro ser
Não ajuda quem vive a padecer
Sem estudo e distante de seus pais
Mendigando alimento nos sinais
Para ver mais um dia superado
A ganância dos ricos tem gerado
Batalhões de futuros marginais.
Trabalhei com quem tinha condições
E com eles outrora fui a rua
Pra comprar um martelo ou uma pua
E tocar suas belas construções
Também vi desamor nos corações
De avarentos, mesquinhos, desiguais
A carteira com tantos mil reais
Nega um pão a quem tá esfomeado
A ganância dos ricos tem gerado
Batalhões de futuros marginais.
Gasta tanto com filho numa escola
Quê no fim o retorno pouco vem
A mulher, no salão gasta também
Troca o carro, a mansão, muda a bitola
Mas não dá a quem pede por esmola
A legando que já gastou demais
Com colares e jóias de cristais
Desprezando a quem foi abandonado
A ganância dos ricos tem gerado
Batalhões de futuros marginais.
A quem paga fortuna em tatuagem
Da bolada que ganha por minuto
Mas se vir num pivete, fica puto
Quê no pobre, isso é pura malandragem
Só barões é quem pode ter vantagem
Pra curtir: festa, praia e carnavais
Dão cachês por manchete de jornais
Mas se avista um guri, vira pro lado
A ganância dos ricos tem gerado
Batalhões de futuros marginais.
Nunca foi na prisão fazer visita
Muito menos entrou num hospital
Visitou um doente terminal
Orfanato se passa, baixa a vista
Mas adora exaltar sua conquista
Separando seus níveis sociais
Exibindo chalés em capitais
E o diploma de um filho, advogado
A ganância dos ricos tem gerado
Batalhões de futuros marginais.
Se é juiz, não perdoa quem errou
Se é doutor, não atende sem dinheiro
Não dá nem o Natal do jardineiro
Nem dispensa os horários que faltou
Quando dá um quinhão, foi que sobrou
Muitas vezes prefere os animais
A comida do cão tem muito mais
Proteína que o prato do empregado
A ganância dos ricos tem gerado
Batalhões de futuros marginais.