A BRISA
MOTE
Querida, hoje saí de casa já muito ao fim da tarde
para respirar o ar fresco que vinha do oceano.
O sol fundia-se como um leque vermelho no teatro
e uma nuvem erguia a cauda enorme como um piano.
Joseph Brodsky (Leninegrado/São Petersburgo, Tradução por Carlos Leite)
GLOSA
Querida, hoje saí de casa já muito ao fim da tarde.
Tranquilo, percorri passeios floridos e aromatizados,
nesse entardecer belíssimo, encantador e majestoso!
Ao ser envolto pela brisa, senti o calor de teu corpo.
A passos lentos fui me aproximando da beira mar,
para respirar o ar fresco que vinha do oceano.
Sentado na areia, do bolso tirei caneta e papel
e, com veracidade, escrevi nossa história de amor.
Ao lembrar-me de nossos encontros, novas ideias tive,
assim como a certeza de que, em breve, retornarás.
O sol fundia-se como um leque vermelho no teatro
e meu coração despedaçado pela saudade, restaurou-se.
Lembranças do teu jeito de agir, além de projetaram-me
fé e amor, deram à minha vida um sentido ímpar,
enquanto uma estrela despontava com um brilho divinal
e uma nuvem erguia a cauda enorme como um piano.