A ÁRVORE E A NUVEM
MOTE
Uma árvore anda de aqui para ali sob a chuva,
com pressa, ante nós, derramando-se na cinza.
Leva um recado. Da chuva arranca vida
como um melro ante um jardim de fruta.
(Tomas Tranströmer - Estocolmo - Suécia, tradução do sueco de Roberto Mascaro e Francisco Uriz)
GLOSA
Uma árvore anda de aqui para ali sob a chuva.
Inverno de vento frio e cortante assombra pés nus.
Rostos juvenis, em caminhada campestre,
buscam abrigo, corpo e alma estão encharcados.
Perto, labaredas de uma fogueira exibem-se.
Com pressa, ante nós, derramando-se na cinza,
sentimentos expressam reações e gestos humanos.
Alguns afloram depressa; outros, devagar.
Enquanto o sol desponta, na campanha,
em meio às nuvens, a natureza pede por calmaria.
Leva um recado. Da chuva arranca vida
e intenso desassossego provoca.
A veemência do vento inquieta,
deixa a todos bastante preocupados.
Ao longe, ouve-se uma melodia que encanta
como um melro ante um jardim de fruta.