Nó na razão
Meu juízo é danado e bem traquino
Prega peças e dá nó na razão
Faz piada e também só gozação
Me parece que o corpo está sem tino
Ou quem sabe que eu sou só inquilino
Lembro da história que quero esquecer
O passado também tem que morrer
Pra viver, não careço recordar
Não consigo esquecer de me lembrar
Das lembranças que eu tenho que esquecer.
Eu cansei de ficar muito cansada
Pois não quero lembrar de umas lembranças
Desconfio de muitas confianças
De memória ligada ou apagada
Paradoxos me deixam transloucada
Não sou cega, mas não consigo ver
O que a mente me obriga a conviver
Recordando o que não vou recordar
Não consigo esquecer de me lembrar
Das lembranças que eu tenho que esquecer.
Minha mente relembra toda hora
Que o meu peito parece um gabinete
Uma sala estampando algum lembrete
Censurando as memórias lá de outrora
Todo amor que enraíza sempre aflora
Com vestígios difíceis de esconder
Meus princípios me impedem de querer
Mas em sonhos eu vivo a delirar
Não consigo esquecer de me lembrar
Das lembranças que eu tenho que esquecer.
Obs: Glosa 2 de Vivian Lissek foi classificada no segundo lugar do Desafios Poéticos de 25/6/23. Parabéns poetisa ❤️