Miserável e penitente
Numa casa distante em meu sertão
De difícil acesso, lá cheguei
Um mural manuscrito eu encontrei
Na parede de fora, lá no oitão
Uma frase pintada com carvão
Rabiscado pertinho da janela
Que dizia, até logo casa bela"
Vou partir, que a comida está faltando
Numa casa de taipa eu li chorando
Uma frase da fome escrita nela!
A miséria no mundo é milenar
Pobre tem uma sina severina
Pra miséria só tem uma vacina
Explorado querer isso mudar
Questionar e também muito estudar
E descer para sempre da favela
No sertão gritar junto em sentinela
Não ficar para sempre só orando
Numa casa de taipa eu li chorando
Uma frase da fome escrita nela!