O juiz
Faça o bem sem olhar quem
Me ensinou saudosa avó
Mas a vida dá seu nó
Não se engane, faça o bem
Mostre a cara que tu tem
Só repare a sua conta
Sei, seu erro lhe confronta
Porém a todos acuda
Seja sempre a mão que ajuda
E nunca o dedo que aponta.
Só cuide do seu jardim
Se o quintal do seu vizinho
Estiver muito verdinho
Com rosas mas alecrim
Não fiques assim-assim
Toda inveja é triste e afronta
O bom caráter confronta
Toda maldade em tu gruda
Seja sempre a mão que ajuda
E nunca o dedo que aponta
Da maneira que julgares
Tú serás também julgado
Em cada dedo apontado
Terás sobre ti olhares
Nas palavras que falares
Não ponha nelas afronta
Pois delas tú darás conta
Com tua alma desnuda
Seja sempre a mão que ajuda
E nunca o dedo que aponta
A nossa sociedade
Tem juízes pra julgar
Quem sou eu para apontar
E impor a minha verdade
Não temos autoridade
Pra por sentenças na conta
Todo julgador remonta
A uma índole miúda
Seja sempre a mão que ajuda
E nunca o dedo que aponta.