APRENDI FAZER VERSO IMPROVISADO
Mote: "Sem cursar faculdade nem escola
Aprendi fazer verso improvisado".
Este mote é cantado por Raullino Silva e Felipe Pereira. As glosas, abaixo, são de minha autoria.
Aprendi a cantar vendo um riacho
Escorrendo pra dentro dum açude,
A função que ele faz não há quem mude
Não existe pra isso nenhum macho.
Aprendi a cantar olhando um cacho
De banana na penca pendurado,
Vendo as cores do céu ensolarado
Depois disso peguei numa viola
Sem cursar faculdade nem escola
Aprendi fazer verso improvisado.
Aprendi a cantar quando aprendi
Que o sertão é o segundo paraíso,
Que o poeta precisa de juízo
Pouco tempo, com isso, eu entendi.
Uma meta pra mim eu estendi
De cantar só estando preparado
Para não cantar verso decorado
E também não ser causa de parola
Sem cursar faculdade nem escola
Aprendi fazer verso improvisado.
Aprendi no sertão paraibano
A sextilha, o quadrão, o beira-mar
E daí comecei improvisar
Hoje canto o martelo-alagoano
Também canto o rojão-pernambucano
E também o martelo-agalopado
Quando saio num tom bem elevado
Repentista qualquer não me controla
Sem cursar faculdade nem escola
Aprendi fazer verso improvisado.
Aprendi a cantar na inspiração
E no esforço que eu tenho adquirido
Eu sou autodidata concluído
Dos conceitos e coisas do sertão
Eu embalo na vida meu rojão
Nessa arte estou mais aprimorado
Aprendi a comer do pão suado
Que consigo no braço da viola
Sem cursar faculdade nem escola
Aprendi fazer verso improvisado.