O MEU CORAÇÃO VADIO

“À Merij Nanna”

Anda cá dentro, sempre lá fora,

Este meu coração vadio,

Desde cedo, desde a aurora,

Num imparável corrupio.

Não sei mesmo o que se passa,

Nem o negócio que nele mora;

Nem sei a razão, porque pirraça

Anda cá dentro, sempre lá fora.

Quando sai, pra dar uma volta,

Descobre um novo desafio…

Desalinhado e sempre à solta

Este meu coração vadio.

Nem sei com´ é qu´ ele aguenta,

Pois em cada desafio cora;

É grande a emoção que enfrenta

Desde cedo, desde a aurora.

Nunca lhe´ agrada o qu´ acontece

E, quando agrada, tem fastio;

Às vezes sobe, outras vezes desce

Num imparável corrupio.

Alguém não bate bem da cabeça

Por, das coisas, perder a noção;

Eu, por estranho que pareça,

Não bato bem do coração…

Haverá Musa a dar à costa

Esperando a baixa da maré?

Não!… Eu acho que ninguém gosta

D´ em curta vida perder a Fé…

Meu coração balança, instável

Em qualquer lugar, qualquer parte,

Mas pára, aqui e ali, afável

Com Palavras que geram arte.

Cada instância da Vida o retém

Para refletir se está certo

Mas, há um medo qu´ ele tem:

O triste vazio de um deserto…

Pra este meu coração vadio

Não sei se haverá terapia…

Talvez este alimento redio

O leve a descobrir a Poesia!

Frassino Machado

In INSTÂNCIAS DE MIM

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 30/01/2023
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