O MEU CORAÇÃO VADIO
“À Merij Nanna”
Anda cá dentro, sempre lá fora,
Este meu coração vadio,
Desde cedo, desde a aurora,
Num imparável corrupio.
Não sei mesmo o que se passa,
Nem o negócio que nele mora;
Nem sei a razão, porque pirraça
Anda cá dentro, sempre lá fora.
Quando sai, pra dar uma volta,
Descobre um novo desafio…
Desalinhado e sempre à solta
Este meu coração vadio.
Nem sei com´ é qu´ ele aguenta,
Pois em cada desafio cora;
É grande a emoção que enfrenta
Desde cedo, desde a aurora.
Nunca lhe´ agrada o qu´ acontece
E, quando agrada, tem fastio;
Às vezes sobe, outras vezes desce
Num imparável corrupio.
Alguém não bate bem da cabeça
Por, das coisas, perder a noção;
Eu, por estranho que pareça,
Não bato bem do coração…
Haverá Musa a dar à costa
Esperando a baixa da maré?
Não!… Eu acho que ninguém gosta
D´ em curta vida perder a Fé…
Meu coração balança, instável
Em qualquer lugar, qualquer parte,
Mas pára, aqui e ali, afável
Com Palavras que geram arte.
Cada instância da Vida o retém
Para refletir se está certo
Mas, há um medo qu´ ele tem:
O triste vazio de um deserto…
Pra este meu coração vadio
Não sei se haverá terapia…
Talvez este alimento redio
O leve a descobrir a Poesia!
Frassino Machado
In INSTÂNCIAS DE MIM