Trecho da canção: Metade de Oswaldo Montenegro

 

Mote

 

Metade

(Oswaldo Montenegro)

 

Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca

 

Glosa

 

Traçado desenhado

 

Que a força do medo que tenho

não me torne um covarde em busca

do abismo perfeito da solidão,

criada por sua distância.

 

Que o traçado desenhado no quadro negro da vida

não me impeça de ver o que anseio,

mesmo no desconforto das nuvens que insistem

em cobrir o brilho dos seus olhos.

 

Que a dimensão ofuscada pelo nascimento

da beleza da criação, acenda na esquina da sua existência,

que a morte de tudo que acredito

seja fisiologicamente aconchegante no juízo final.

 

Que o dinamismo instigado no silêncio simples da alegria,

seja tão louca quanto as mares baixas do oceano,

inquietante na simplicidade indulgente que humanamente

não me tape os ouvidos e a boca.