MOTE:
(Trecho do poema intitulado
"Semelhança" - Fernando Pessoa)
"Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo."
GLOSA:
PROFUNDEZAS
Nada sabemos da alma
A não ser que ela em nós existe
Na sua própria maneira, Deus insiste
Em a que tomemos com fé e calma
Para as agruras de nossas intemperanças
Senão da nossa
Tomemos a vida de acordo com a Vontade Vossa
Deus, Pai Querido, Bom e Justo em nossas andanças
Pois há palavras que se aproximam da melódica hipocrisia
No intuito de cantar o hino profano aos milhares
A dos outros são olhares
Apenas na intenção de querer olhar o mundo com acefalia
Há corações que soam somente meias palavras
Algumas sórdidas, sem o apreço na sua composição
Percebe-se no íntimo seus efeitos de decomposição
São gestos, são palavras
Portanto, pensar é para quem tem na alma o discernimento
Das coisas divinas, das terrenas, das palavras em seu próprio uso
O peso que cada uma delas tem sem exageros ou abuso
De espalhar pelo mundo os efeitos das falas de momento
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo
(Simone Medeiros)