AGORA...
MOTE
Agora que o meu sonho está desfeito,
e enfim sepultos os meus ideais;
agora que, ao invés de madrigais,
choram dobres de réquiens no meu peito.
Humberto Rodrigues Neto (São Paulo - SP)
GLOSA
Agora que o meu sonho está desfeito,
raios solares afagaram meu ser,
solidando culturas, satisfeito,
quando bom anseio de vida condisser.
Uma vez que alguns projetos fracassaram
e, enfim, sepultos os meus ideais;
coração e alma, otimistas, refloresceram
num transpassar segurança e fé reais.
A beleza do amanhecer lembrou-me dos trigais,
onde, quando criança, andava com meu avô.
Agora que, ao invés de madrigais,
lembrei-me do dia que perdi, da blusa, o jabô.
Tanto crianças quanto adultos sentem as perdas.
No dia, que meu pai faleceu, ao vê-lo no leito,
ouvi alguém dizer: “– Mesmo as ideias sendo findas,
choram dobres de réquiens no meu peito.”