A gente deve entender a linguagem do poeta.
Nos Lusíadas, Camões,
Ao chegar no canto três,
Se despediu de Inês,
Como Inácio, dos Leões.
Nas antigas tradições,
A vida só é completa
Quando a língua fica ereta,
Pra finalmente dizer:
A gente deve entender
A linguagem do poeta.
Na Autobiografia,
Patativa d'Assaré,
Nos amostra como é
A alma da poesia,
Ao rimar Zé e Maria,
Letrada e analfabeta...
Mesmo uma rima discreta,
pra dar sabor e prazer,
A gente deve entender
A linguagem do poeta.
Lobato e o pica-pau,
O pica-pau amarelo,
Tocou, num violoncelo,
Chapeuzinho e o lobo mau,
E tocou, num beribau,
Uma versão incompleta,
Da poesia secreta
Que hoje me faz saber:
A gente deve entender
A linguagem do poeta.
Zé Limeira, o repentista,
Que ouvia a lua cheia,
Que tinha a rima na veia,
E o coração ensaísta.
Que jamais perdeu de vista
A poesia concreta,
E que na ilha de Creta
Assinou seu parecer:
A gente deve entender
A linguagem do poeta.
E tem Fernando Pessoa,
Que nasceu em Portugal.
Poeta sensacional,
Que, os pecados, Deus perdoa.
Que inda hoje vive à toa,
Como sentido sem seta,
Curvilínio, em linha reta,
a procurar desdizer:
A gente deve entender
A linguagem do poeta.
Cego Aderaldo, Azulão,
Pardal e Atónio Aleixo
Eram de cair o queixo
No Algarve e no sertão.
Repentista de então
Não tirava o "c" da reta.
Na viola, um atleta
Preparado pra vencer.
A gente deve entender
A linguagem do poeta.
Augusto, parnasiano,
O imortal que morreu,
Mas que deixou o seu "Eu"
Foi também, se não me engano,
O gênio paraibano
De verve forte e direta,
Que até hoje objeta
De, si mesmo, o parecer:
A gente deve entender
A linguagem do poeta.
Enfim um tal Herculano,
Poeta do Piauí,
Que rima bode e pequi,
Inteligência e tutanto,
Augusto e Parnasiano,
Laranja lima e seleta,
Que até hoje ejeta
Indiscutível saber:
A gente deve entender
A linguagem do poeta.
Mote: José Dantas
Glosas: Herculano Alencar
Nos Lusíadas, Camões,
Ao chegar no canto três,
Se despediu de Inês,
Como Inácio, dos Leões.
Nas antigas tradições,
A vida só é completa
Quando a língua fica ereta,
Pra finalmente dizer:
A gente deve entender
A linguagem do poeta.
Na Autobiografia,
Patativa d'Assaré,
Nos amostra como é
A alma da poesia,
Ao rimar Zé e Maria,
Letrada e analfabeta...
Mesmo uma rima discreta,
pra dar sabor e prazer,
A gente deve entender
A linguagem do poeta.
Lobato e o pica-pau,
O pica-pau amarelo,
Tocou, num violoncelo,
Chapeuzinho e o lobo mau,
E tocou, num beribau,
Uma versão incompleta,
Da poesia secreta
Que hoje me faz saber:
A gente deve entender
A linguagem do poeta.
Zé Limeira, o repentista,
Que ouvia a lua cheia,
Que tinha a rima na veia,
E o coração ensaísta.
Que jamais perdeu de vista
A poesia concreta,
E que na ilha de Creta
Assinou seu parecer:
A gente deve entender
A linguagem do poeta.
E tem Fernando Pessoa,
Que nasceu em Portugal.
Poeta sensacional,
Que, os pecados, Deus perdoa.
Que inda hoje vive à toa,
Como sentido sem seta,
Curvilínio, em linha reta,
a procurar desdizer:
A gente deve entender
A linguagem do poeta.
Cego Aderaldo, Azulão,
Pardal e Atónio Aleixo
Eram de cair o queixo
No Algarve e no sertão.
Repentista de então
Não tirava o "c" da reta.
Na viola, um atleta
Preparado pra vencer.
A gente deve entender
A linguagem do poeta.
Augusto, parnasiano,
O imortal que morreu,
Mas que deixou o seu "Eu"
Foi também, se não me engano,
O gênio paraibano
De verve forte e direta,
Que até hoje objeta
De, si mesmo, o parecer:
A gente deve entender
A linguagem do poeta.
Enfim um tal Herculano,
Poeta do Piauí,
Que rima bode e pequi,
Inteligência e tutanto,
Augusto e Parnasiano,
Laranja lima e seleta,
Que até hoje ejeta
Indiscutível saber:
A gente deve entender
A linguagem do poeta.
Mote: José Dantas
Glosas: Herculano Alencar