Ulysses de Joyce
I
Joyce, tão serena, engravidou jovem
Ulysses, seu filho, foi a alegria
de toda a família (sorria-lhe a sorte)
aprendeu, como por mágica, a ler
não se perdia em horas de futebol
até fumava e bebia - sem prazer -
alegrava-o a chuva, alegrava-o o sol
gostava era de gente, conversar
era um dom: ouvia, falava em um tom
suave e preciso, escolhia as palavras
que às crianças ou aos mais velhos davam
atenção, sempre sincero havia não
um ou dois, mas mais de cem p'ra variar
suas opções para poder relaxar
Ulysses de Joyce, camarada
era de longe, naquela quebrada
o mais boa praça, a todos se dava
era feliz com todo o seu coração
II
até que um dia se perdeu
a ler, escrever poesias
investigar filosofia
ouvir também a seu eu
de repente Ulysses não
só concordava, também
aos demais questionava
e cem dentre cem querem
ainda seu bem mas já não
o acham conveniente, que é
insensato ao perguntar
por razões tão obscuras
(em plena hora da novela
(entre a pinga e a mortadela)
(sem pudor, sem ter frescura)
estando sujo, na viela
Ulysses deu foi errado:
é bem melhor ser do gado
do que achar que é superior
querer lidar com o horror
ah, Ulysses, saiba o básico:
é melhor torcer p'ro Vasco
e entender sem pensar que
a poesia expõe aos fracos