POR POUCO!
MOTE
Nestes dias chuvosos, quando a tua
lembrança vem bater-me na vidraça,
recuso-me de todo a ver quem passa
e procuro nem sequer olhar a rua.
Torquato da Luz
GLOSA
Nestes dias chuvosos, quando a tua
voz chega a mim com amor e doçura.
A vida, desejas que bem te instrua;
radiante, não mede garra e fissura.
O verde aroma da vegetação,
lembrança vem bater-me na vidraça;
transpassando-me nova orientação
com grandiosidade, entusiasmo e graça.
Honradez para que nada devassa,
além de ser importante, nutre a alma.
Recuso-me de todo a ver quem passa;
quero apenas o que me alegra e acalma.
Num farfalhar, um raio brilhante observo;
alerta para que um poeta o usufrua.
Na falta de um gesto nobre me enervo
e procuro nem sequer olhar a rua.