HUMILDEMENTE -glosa-
"Eu trago-te nas mãos o esquecimento
Das horas más que tens vivido, Amor!
E para as tuas chagas o ungüento
Com que sarei a minha própria dor."
(Florbela Espanca)
HUMILDEMENTE
"Eu trago-te nas mãos o esquecimento"
dos dias de abandonos, parte a parte,
confesso, para mim foi um tormento,
não via a hora pra poder contar-te.
Pensei e repensei nosso sofrer,
"das horas más que tens vivido, Amor!"
As mesmas em que vivo sem viver...
chorando as lágrimas do dissabor.
Mas eis que à noite ouvi falar-me o vento
vai procurar-te e leve sua humildade,
"e para as tuas chagas o ungüento"
abençoado pela santidade.
Então de coração aberto eu vim
humildemente oferto-te esta flor
E o seu perfume mágico e, enfim...
"Com que sarei a minha própria dor."