ANO NOVO, IGUARIAS VELHAS
Por alturas da anual passagem
Cada lar, debaixo de telhas,
Percorre em histórica viagem
Ano novo, iguarias velhas.
Do Natal até ao Ano Novo
Mil iguarias são roupagem
Todavia gasta mais o povo
Por alturas da anual passagem.
Couves, batatas, bacalhau
Várias bebidas em botelhas
Especiarias a dar co´ um pau
Cada lar, debaixo de telhas.
Quer na cidade, quer na aldeia,
Toda a gente faz homenagem
À tradição, e como feliz ideia,
Percorre (-a) em histórica viagem.
Ninguém se importa co´ a despesa
Nem sequer franze as sobrancelhas,
E usa com prazer e firmeza
Ano Novo, iguarias velhas.
Sonhos, rabanadas e aletria,
Bons mexidos e pão-de-ló,
E, não se usando de cortesia,
Logo se entoa o só-li-dó.
Faz-se jus à boa barriga
E os olhos gostam de comer
Haver sobras já se mendiga
Qu´ há roupa velha pra fazer.
Até as sobras são iguaria –
Corram-se os ratos pró labirinto –
De tudo se pode fazer poesia
Com inspiração e com instinto…
Se um Ano Novo é vida nova,
Não convém, pois, nada estragar,
Há que pôr a intuição à prova
Com receitas para compensar.
Cantemos loas ao Ano Novo,
Com versos de boa vontade,
A alma precisa de renovo,
De emoção e vitalidade.
Frassino Machado
In INSTÂNCIAS DE MIM