EM BUSCA DE PORTUGAL
“Na saga da cannabis”
Andam sagas em canoas
P´ las terras de Portugal,
Não se sabe se más, se boas,
Co´ a máscara “medicinal”!
Pelos rios e ribeiras
Pelos charcos e lagoas
Pelas margens, pelas beiras,
Andam sagas em canoas.
Ao tempo de Além-mar –
Especiaria tropical –
Hoje, zarpa a procurar
P´ las terras de Portugal.
À cannabis, rainha delas,
Toda a gente canta loas
Estão presas nas lapelas
Não se sabe se más, se boas.
Foi-se a pimenta e o gengibre
Tornou-se a canela banal
Pra entusiasmar faz-se livre
Co´ a máscara MEDICINAL.
Vantajosa alternativa
Poder-se-ia descobrir
Andam ideias à deriva
Sem saber onde cair.
Se´ a cannabis é milagreira
E não tinha por cá raiz,
Porque veio desta maneira
Em busca do nosso país?
Ninguém nos leve a salsa,
Muito menos o agrião,
A cannabis é mais falsa
Qu´ a cidreira de tradição.
Ai rosmaninho, meu chá,
Coentrada lambisqueira,
Caldo verde com hortelã
E aromas de laranjeira.
Que vem cá fazer cannabis,
Temos belas especiarias,
Vão-se embora os amáveis
Tratadores de fantasias.
Naveguemos no mar alto,
Qual tempo das caravelas,
Não nos façam sobressalto
Com plantações bagatelas.
O que é nacional é bom,
Diz o povo com firmeza,
Limpem o sujo do sótão
Escolham a nossa riqueza!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA