O HOMEM DO CASTELO ALTO
O HOMEM DO CASTELO ALTO
Aprisionados em seus carros
Não aceleram nem freiam
Dirigem em direção ao AP.
Congestionados ao hábito
Avançam um, um pouco mais
Sob os olhares de lado
Das buzinas dos carros
A pressa de chegar próximo
Outra vez parar de frente
Ao inóspito sinal vermelho
O fardo se repete dia dia
Farol baixo, farol alto
O imaginário virou orgia
O chofer tem fé, imagina
Estar na casa de campo
Com carneiros e cabras
Pastando em seu jardim
Ou nas areias brancas
Que seus pés irão pisar
E a molhar os cabelos
As águas azuis do mar
O carro do lixão buzina
No pé do ouvido e o faz
Tornar à realidade
O apito do amarelinho
E o vendedor de balas
Bate em seu vidro
Assustado o piloto
Quase teve um AVC
Arrotou pesado quase
Por caminhão atropelado
Engasgou-se, bravo golfou
Na gravata um pedaço
Lasca grande de chocolate
E amaldiçoou o mundo
E o seu nome: Raimundo.