PORTO DE ENCANTAMENTO
“Aos poetas resilientes”
Andam as palavras perdidas
Nos mares da insanidade
Quero-as para mim, recolhidas
Pelas asas da liberdade.
Pelos meandros da perdição
Abundam as humanas feridas
Pois nas máscaras da ilusão
Andam as palavras perdidas.
Perderam-se do seu pastor
Por entre sendas de fealdade
E cirandam de mal a pior
Nos mares da insanidade.
Perderam-se do seu rebanho
Tresmalhadas, esbaforidas
E eu não as olho ao tamanho
Quero-as para mim, recolhidas.
Já não há prados verdejantes,
Já não há rios de soledade
Mas há brisas revigorantes
Pelas asas da liberdade.
As palavras são combatentes
Nos confrontos da emoção
Elas voam, sondam vertentes,
Para destroçar a solidão…
Num mundo sem eira nem beira,
Cada palavra seu lamento,
A poesia é sempre a bandeira
De um porto de encantamento.
Na busca das palavras perdidas
Vagueiam poetas em contraluz
Acham-nas, porém, escondidas
Naquele mistério que os seduz.
Só mesmo a Poesia compensa,
De toda e de qualquer maneira,
P´ la arte se vislumbra a diferença
De cada palavra andadeira.
Se há ou não há inspiração,
Quando os poetas estão em apuro,
Chame-se as musas do coração
E achar-se-á porto seguro!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA