PORTO DE ENCANTAMENTO

“Aos poetas resilientes”

Andam as palavras perdidas

Nos mares da insanidade

Quero-as para mim, recolhidas

Pelas asas da liberdade.

Pelos meandros da perdição

Abundam as humanas feridas

Pois nas máscaras da ilusão

Andam as palavras perdidas.

Perderam-se do seu pastor

Por entre sendas de fealdade

E cirandam de mal a pior

Nos mares da insanidade.

Perderam-se do seu rebanho

Tresmalhadas, esbaforidas

E eu não as olho ao tamanho

Quero-as para mim, recolhidas.

Já não há prados verdejantes,

Já não há rios de soledade

Mas há brisas revigorantes

Pelas asas da liberdade.

As palavras são combatentes

Nos confrontos da emoção

Elas voam, sondam vertentes,

Para destroçar a solidão…

Num mundo sem eira nem beira,

Cada palavra seu lamento,

A poesia é sempre a bandeira

De um porto de encantamento.

Na busca das palavras perdidas

Vagueiam poetas em contraluz

Acham-nas, porém, escondidas

Naquele mistério que os seduz.

Só mesmo a Poesia compensa,

De toda e de qualquer maneira,

P´ la arte se vislumbra a diferença

De cada palavra andadeira.

Se há ou não há inspiração,

Quando os poetas estão em apuro,

Chame-se as musas do coração

E achar-se-á porto seguro!

Frassino Machado

In JANELAS DA ALMA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 22/05/2019
Reeditado em 22/05/2019
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