NÃO MATEM A COTOVIA
«Em louvor da Poesia»
Não matem a cotovia
Mas deixem-na cirandar,
Ela é a musa da poesia
Numa gesta de encantar.
Ela inveja o rouxinol
Na sua bela melodia
E dança alegre com o sol,
Não matem a cotovia.
Junto ao chão vem recolher
Os frutos pra se alimentar
É eufórica ao alvorecer,
Mas deixem-na cirandar.
Todos os poetas do mundo
Adoram a sua harmonia
Pelo seu saber profundo
Ela é a musa da poesia.
É discreta na sua beleza
Entre as aves a esvoaçar
E é um tesouro na natureza
Numa gesta de encantar.
Não matem a cotovia
Ela é princesa de amores
Ao cantar dá luz ao dia
E tem paixão pelas flores.
Dos poetas é inspiração,
De versos é água da fonte
E nas asas da emoção
Baloiça pelo horizonte.
Anda a poesia perdida
No húmus da presunção
E numa odisseia sentida
Tem medo da solidão.
Cotovia romanceada
Pela pena de Harper Lee
Tem a vida mascarada
Numa aura de bem-te-vi.
– Cotovia, fado e saudade
No palco da aventura,
És a ave da liberdade
E da poesia a ternura!
Frassino Machado
In AO CORRER DA PENA