O MELRO E MAIS A MELRA
“Da anti violência”
O melro e mais a melra
Foram ambos à minhocada,
O melro comeu-a toda
E a melra ficou sem nada.
No seio da natureza
Todo o alimento dá guerra
Sabem-no por esperteza
O melro e mais a melra.
Tudo precisa de comer
Logo desde madrugada
Dois melros, consegui ver,
Foram ambos à minhocada.
Esgravata aqui, escava ali,
Preparando a sua boda
Mas, pelo que entendi,
O melro comeu-a toda.
Entre o forte e o inocente
Aconteceu a derrocada
O macho foi mais valente
E a melra ficou sem nada.
Eis aqui o fenomenal
Da mera sobrevivência
O bem vencido pelo mal
À custa da violência.
Entre dois seres a lutar
Por algo que lhes convém
Tudo tende a terminar
No pior que a vida tem.
Se é assim na Natureza
Porque não na Humanidade?
A violência e a malvadeza
São a fútil realidade.
Toda a história o confirma,
No saber não há desnorte,
Alguém acaba por cima
Perde o fraco, ganha o forte.
É triste que assim seja –
A violência não tem emenda –
Não há justiça que se veja
E até a moral está à venda!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA