A CONFISSÃO DE POETA

“Glosando o poeta Albertino Galvão”

SOU TÁBUA RASA, SOU FADO,

VERSO SEM MÉTRICA E RIMA

DUM POEMA INACABADO

COM MANIA DE OBRA-PRIMA!

Albertino Galvão

Quando eu me penso, pergunto

O que sou desde o passado,

Por mais que pense n´ assunto

Sou tábua rasa, sou fado.

O meu fado é a Poesia,

Sinto-a com grande estima,

Mas sai-me pela harmonia

Verso sem métrica e rima.

Tento, porém, dar-lhe a volta

Co´ o meu discurso versado,

Fica-me um esboço à solta

Dum poema inacabado.

Não sei mesmo o que se passa,

Se ´stou em baixo, ou em cima,

Olho para ele, e com graça,

Com mania de obra-prima.

Se ele é obra-prima ou não

Nem me quero preocupar

Saiu assim da minha mão

E é assim qu´ há-de ficar.

Há tanto poeta que vejo

A mascarar-se de poeta

Que até meus versos desejo

Colocá-los na gaveta.

Mas eu não o faço, não,

Sou poeta, sou resistente,

Minha poesia é pendão

E é luz para muita gente!

Frassino Machado

In AS MINHAS ANDANÇAS

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 24/09/2018
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