CONFISSÃO DE UM REBELDE
CONFISSÃO DE UM REBELDE
Miguezim de Princesa*
I
Embora disciplinado,
Eu cresci pra rebeldia:
Correr atrás de folia,
Enfrentar o potentado,
Nunca ser pisoteado,
Nem mesmo por um amor,
Mas em seguida compor
Um poema enamorado,
É lutar sem ser rogado
E rebater com uma flor.
II
Enfrentar a traição
De quem se diz ser amigo,
Entender o inimigo
Com a força da razão;
Do pobre ter compaixão,
Ajudar quem é caído,
Dar o que é merecido
Para quem faz de verdade,
Não cair na falsidade
Do argumento bandido.
III
Me faço desentendido
Para quem pensa que engana,
A esses dou uma banana
Ou me faço mau-ouvido;
Eu só me mostro atrevido
Se for luta de Sansão,
Combato a corrupção
E odeio o mexerico,
Pois quem gosta de fuxico
É porque não tem razão.
IV
Eu aprecio a franqueza
De quem diz que quer lutar
Ou somente aproveitar
Da migalha da riqueza,
Ou mesmo ter a beleza
De um momento de paixão,
Porém, quem monta plantão
No mole, sem trabalhar,
Não merece prosperar,
Pois a Deus não engana, não.
V
Quem quiser a minha andança
Venha apostando em vitória,
Porque só merece a glória
Quem anda com esperança,
Faça da falta bonança,
Transforme o frio em calor,
A apatia em fervor,
Dê um chega na arrogância,
Supere a intolerância,
Transforme o ódio em amor!
*Miguezim de Princesa é Miguel Lucena, Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista, escritor e poeta