OS ARQUITECTOS DA CULTURA
“No Dia do Autor português 2018”
Eu penso, eu sinto, eu faço,
Eis a filosofia do criador
Arrostando todo o embaraço
De se descobrir como autor.
Para um acto de criação
Há que evoluir passo a passo
Todavia, pelo sim, pelo não,
Eu penso, eu sinto, eu faço.
De suas mãos sai toda a obra,
Regada com amargor e suor
Mas, ao ter um prazer de sobra,
Eis a filosofia do criador.
Com lágrimas, suor e riso,
Singrando num mundo devasso,
O autor arrisca a mente e o siso
Arrostando todo o embaraço.
A sua obra é um desafio
Que cumpre com regra e primor
Assumindo a paixão e o brio
De se descobrir como autor.
O mundo, sim, pula e avança
Em sintonia com o progresso,
Cada novo autor é uma esperança
De um mundo novo sem reverso.
Tantos caminhos de aventura,
Tantos e tantos os autores,
São arquitectos da Cultura
E, do futuro, cinzeladores.
Cada traço sai-lhes da mão,
Ao recriar imagem a imagem,
É como um canto de emoção
Ao ritmo de cada paisagem.
Os autores são como actores,
Em largo palco e clara fonte,
Agem mas não colhem amores
Das plateias sem horizonte.
Quer tenham ou não qualidade,
Quem lhes garante o seu direito?
Ser autor, com alma de liberdade,
Não prova virtude nem defeito.
Ser autor não é privilégio –
Privilégio é ser português –
E assumir este sortilégio
É ter Cultura e lucidez!
Frassino Machado
In AO CORRER DA PENA