CHUVA URBANA

Está chovendo fortemente

No Teatro do Rossio

Na avenida vai fluente,

A água, como num rio.

Pelas ruas de Lisboa

Vai passando muita gente

Mas, como algo que destoa,

Está chovendo fortemente.

Ruas largas e estreitas,

Lá no fundo o largo rio,

Há suspiros e desfeitas

No Teatro do Rossio.

Também sopra forte vento,

Cada árvore bem o sente,

Mas o povo a contratempo

Na avenida vai fluente.

Leva tudo a chuva urbana

Para o Tejo, num corrupio,

Vai fluindo nesta semana

A água, como num rio.

É bela a chuva a cair,

É belo o vento a soprar,

Não é belo ver desistir

Os poetas sem poetar.

- Chuva urbana, chuva urbana,

Vais caindo em sinfonia

Branda, forte e às vezes tirana,

Para as horas da Poesia.

Chuva urbana não se mede

Ela desliza pelas ruas,

Chuva rural mata a sede

À regueira das charruas.

Vem tardio este inverno,

Não demora a primavera,

Para que haja bom governo

Não se pode estar à espera!

Frassino Machado

In AO CORRER DA PENA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 14/03/2018
Reeditado em 14/03/2018
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