Quantas coisas cabem num olhar.
O sorriso vívido da pessoa amada,
A alegria da longa espera saciada.
A bela paisagem nunca avistada.
A nau, a salvar o náufrago na enseada.
O saudoso rosto na face avistada.
Das andorinhas a agrande revoada,
Que anuncia a estação tão esperada.
No olhar a alma se debruça na balaustrada.
Revelando-se sem temer a nada.
E com versos claros de uma leda ensalada.
O poeta faz gritar sua alma calada.
Revelando o sentir na linha versejada.
Que caberá num só olhar da leitura revelada.
Um querer de um olhar que se foi na derriçada.
(Molivars).