JARDILINO À BEIRA-MAR

Homenagem a Wilson Aragão, descobridor de Jardilino Satanás

I

Quase meia-noite numa encruzilhada

Jardilino foi visto com uma galinha

Garrafas de cana e uma cuia de farinha

Preparando uma farofa bem amanteigada

Dizia muito nome, fazia presepada

Prometendo que um dia iria se casar

E a noiva escolhida era Iemanjá

A bela rainha dos rios e oceanos

Que há muito tempo habitava seus planos

Viver de galope na beira do mar.

II

Quando Jardilino deixou Piritiba

Sumiu no buraco de uma fechadura

No dia em que foi brigar na Prefeitura

Por uma bolada perdida em biriba

Muita gente lá ficou na pindaíba

Sem mais holerite para penhorar

Mestre Jardilino pôs-se a viajar

Foi visto agarrado com uma sereia

Comendo com ela uma cuia de aveia

Cantando galope na beira do mar.

III

Mordido de gente, curado de cobra

Jardilino conta causos do Sertão

Diz que foi amigo até de Lampião

E nunca curvou-se a nenhuma manobra

Coragem o seu povo sempre tem de sobra

Quem duvida disso é só provocar

O povo não é besta, só finge aceitar

Tanto desaforo, tanta indiferença

Por isso é que ele não larga sua crença

Cantando galope na beira do mar.

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 09/09/2016
Reeditado em 09/09/2016
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