TABELIÃO SEM REGISTRO

Daniele sempre línea,

Marcava planos sem prazo, e aspas sem dono.

E de vivo, sem ver, nada se queria,

E quando viu, escrevinhou no rapaz cretino, seu Outono:

“Ela sabia que se podia viver mais do que 30, num corpo de 18’,

Mas será que poderia viver outros trinta sem gastar todo seu tesouro em tinta?”

—–\//—–

Tantas palavras sem dono, e eu fui ser inquilino.

Tomar emprestado o levar arrastado,

E despojar-me dos textos de aluguel atrasado.

Quem me manda ser um “errante” tão andino?

E assinar em aspas o de tantos; E recrimino!

Onde já se viu, a liberdade não me presentear com o Ser-livro,

E gostar tanto de por a ferros a preguiça de seus peregrinos?

Um ser de andar privado precisa de olhos de Vidro!

[…]

Lhe falei de algo mais, o que é marca da literatura;

Mas a escrita me é envolvente,

E o recalque ironiza a fome da infinita criatura.

De tão egoísta e servil, a que era blasé tortura,

Agora em forma de preguiça;

Uma assinatura tão fora de altura.

Tabelião sem Registro - Hernâni Arriscado

Hernán I de Ariscadian
Enviado por Hernán I de Ariscadian em 06/07/2016
Código do texto: T5688826
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