MOEDA AFANADA
Miguezim de Princesa
I
Valei-me, Nosso Senhor,
Que agora eu digo arreda!
Nem a Casa da Moeda
Escapou do afanador.
Passaram a mão com vigor
Nas santas licitações,
Concorrências e pregões
Com contratante acertado
E do dinheiro cunhado
Sumiram com 6 bilhões!
II
Criaram um saco sem fundo ,
Foram socando dinheiro,
Que saiu no estrangeiro,
Do outro lado do mundo;
O meu amigo Raimundo,
Da Receita Federal,
Quando viu o carnaval
Com o dinheiro da Nação,
Teve uma dor no coração,
Desmaiou, passando mal.
III
Ô país pra ter ladrão,
Essa herança é um mistério:
Tem ladrão no ministério
E em toda repartição,
Pra roubar não falta mão,
Os tentáculos são demais,
Furtam na frente e atrás,
Na dobrada da esquina,
No posto de gasolina
E na sede da Petrobrás.
IV
Em certo tempo passado
Roubaram até algaroba,
Mandioca, maniçoba,
E o larápio, assustado,
Queria roubar sossegado
E viver no esplendor,
Carregado no andor
Do reino dos salafrários
Então chegou um sicário
E matou o procurador.
V
Dias desses um motorista,
Com a barriga doendo,
Parou o carro correndo
Num posto perto da pista.
Quando ele limpou a vista,
No banheiro ele avistou
Um cadeado – “ai que dor,
Ai que dor mais infeliz,
Será que nesse País
Estão roubando cocô?”