JANELAS DE INVERNO
Mote de Abel Cunha
A falta que faz o sol
Vê-se nas casas fechadas
Ao abrir-se uma janela
Fogem sombras espantadas.
Glosa de Frassino Machado
Numa casa ou num solar
Com silhueta de arrebol
Revela-se ao admirar
A falta que faz o sol.
Há uma réstia intermitente
De misteriosas penadas,
A ausência da alma da gente
Vê-se nas casas fechadas.
Casas fechadas ao frio,
Num inverno de rachar,
O receio de um calafrio
Revela-se ao admirar.
A nostalgia dá esp´ rança,
Saudade do sol tão bela,
Ó que prazer se alcança
Ao abrir-se uma janela.
Abre-se um sorrir de novo,
Vêem-se ao longe as estradas
Na alma, que brilha em renovo,
Fogem sombras espantadas.
São as janelas de inverno,
Já não há lágrimas caídas,
Foi-se o vento e o inferno
De umas ânsias doloridas!
Frassino Machado
In AO CORRER DA PENA