UM VIZINHO SORTUDO

Estar hoje com bom aspecto

Dá sempre ar de boa vida

Ou se há um novo projecto

Logo há festa apetecida.

- Vê-se que teve bom Natal

E bons sabores com afecto

Pois será mesmo natural

Estar hoje com bom aspecto.

- Acha qu´ é dessa festança?

E se for coisa parecida

Ao haver qualquer mudança

Dá sempre ar de boa vida…

- Conte lá, ó amigo Zé,

Não se mostre contrafeito,

Duvido que seja o que é

Ou se há um novo projecto…

- Qualquer negócio que haja

Acho qu´ é coisa divertida,

Daquelas de fazer inveja,

Logo há Festa apetecida.

Este amigo, Zé Qui Tolis,

Quase sempre muito sisudo

Está agora, ao ser feliz,

Com cara d´alguém sortudo…

Pois isso mesmo aconteceu:

Saiu-lhe ontem a Lotaria

Que todo ele envaideceu

Ao entrar em euforia.

- Com que então, não dizia nada,

Eu não tenho nenhuma inveja,

A quem saiu a fornada

O maior bem se lhe deseja…

- Não foi nada de especial.

Nem sequer anomalias,

Apenas saldará afinal

Do Natal as iguarias…

E assim o amigo Zé Quitolis,

Sem ser um milionário,

Não passa do que se diz

Mas tão só imaginário.

O ter sorte ou não ter sorte,

Em convenção informal,

Para o fraco ou para o forte

É um negócio assaz banal.

Num sorteio de emoções,

Que a vida humana molesta,

Morrem sempre os corações

Haja ou não alguma Festa!

Frassino Machado

In AO CORRER DA PENA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 26/12/2015
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