NA SOMBRA DO JUAZEIRO

Velho e criança morrendo

Ao tentarem a travessia,

Desespero e agonia

A cada hora crescendo;

Terrorista derretendo

Uma alma no fogareiro

Com as armas que o estrangeiro

Deu e ele foi juntando

E eu aqui assuntando

Na sombra do juazeiro.

II

A Grécia quebrou de novo,

Portugal cortou pensões,

Evaporaram bilhões

Que era a poupança do povo.

Tem gente que guarda o ovo

E come a casca com tempero.

A lágrima do brasileiro

É do volume secando

E eu aqui assuntando

Na sombra do juazeiro.

III

Vivo com a barba de molho

Com o barulho criado,

O brasileiro é roubado

Desde que existe piolho.

Cerveró ficou caolho

De tanto contar dinheiro.

Quem achar o mealheiro

Que ele foi visto guardando

Vai morrer rico assuntando

Na sombra do juazeiro.

IV

O sujo e o mal lavado

Disputam quem roubou mais.

Cão Cotó e Ferrabraz

Estão de ouvido espichado

Pra ver se o deputado

Chega no inferno primeiro.

Pelo dobro do dinheiro,

Tem candidato sobrando

E eu aqui assuntando

Na sombra do juazeiro.

V

O óleo da Petrobras,

O choque elétrico de Furnas,

Tantos fantasmas nas urnas

Violadas por demais.

Um sistema ladravaz,

Vigarista e estradeiro,

Que matou o sonho primeiro

De quem só viveu lutando

E eu aqui assuntando

Na sombra do juazeiro.

VI

Seiscentos psicopatas,

Fascinados por poder,

Com ânsia para meter

A mão no rabo da gata,

Quando um pode rouba e mata

Para juntar mais dinheiro.

A dona do pardieiro

Sentiu que estava enricando

E eu aqui assuntando

Na sombra do juazeiro.

VII

Na hora da precisão

O telefone não para,

Mas se torna coisa rara

Quando passa a eleição:

Ninguém mais estende a mão

Nem abraça o companheiro,

O negócio vem primeiro,

Os bobos só ficam olhando

E eu aqui assuntando

Na sombra do juazeiro.

VIII

Magnata pisa em barro

Para conquistar o voto,

Faz logo um álbum de foto

Com menino de catarro,

Leva a passear no carro

Alvelino bodegueiro,

Mas depois fica matreiro

(Não acha nem procurando)

E eu aqui assuntando

Na sombra do juazeiro.

IX

Promete não aumentar

Farinha, milho e feijão,

O arroz, o macarrão

E a carne de jabá,

Mas aí começa a dar

Caganeira pé-ligeiro

Quando o credor estrangeiro

Começa a nota baixando

E eu aqui assuntando

Na sombra do juazeiro.

X

Derrubar a presidente

Seria mesmo a solução?

Tem uma fila de ladrão

Para assumir a patente!

O povo mesmo é quem sente

O afano mais ligeiro,

O orgulho brasileiro

Vai aos poucos definhando

E eu aqui assuntando

na sombra do juazeiro!

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 15/09/2015
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