AS TEIAS DO PARLAMENTO
“Aos eleitos da Nação”
Numa casa exposta ao tempo
Logo abundam os aranhés
Que o digam os do parlamento
Onde há teias de lés-a-lés.
Estão eufóricos os inquilinos
Vão de férias com o vento
Limpam teias os valdevinos
Numa casa exposta ao tempo.
Enxameiam em galanteio
De esporão pelo convés
E quando perdem o freio
Logo abundam os aranhés.
Palavras despidas de ideias,
Quatro anos de tormento,
Poucos frutos e bolsas cheias
Que o digam os do parlamento.
Merecem férias, por certo,
Fazem questão da sua vez,
Sinais de fortuna por perto
Onde há teias de lés-a-lés.
Férteis d´ intenções e manhas
É urgente compreendê-los
Deixá-los tirar as aranhas
Que o povo enjoa de vê-los.
Mas é vê-los nas ocasiões,
Em listas engalanadas,
A concorrer às eleições
Sujeitos às vassouradas.
Era bom se algum santinho
Se desfizesse em gentileza
Pondo o Parlamento limpinho
Desinfestado da riqueza.
Limparam já os eleitores
Dos proventos que são seus
Fingem-se agora d´ amores
E erguem as mãos para Deus.
- Ai teias, p´ ra que vos quero,
Neste mar encapelado,
Venham votos, assim o espero,
Não quero ficar deserdado.
Assim fala um deputado
(está farto de trabalhar!)
Mas, ainda qu´ enredado,
Não há aranhas ao voltar!…
Frassino Machado
In MUSA VIAJANTE