ENTRE O PROGRESSO E A SELVA
Passou à história no rasgar do mar
Agitando a varinha de condão
Agora há um túnel para atravessar
Num mítico horizonte de salvação.
Não há Moisés, nem mesmo dromedários,
Mas sobram os escravos p´ ra salvar…
E um dos sonhos mais extraordinários
Passou à história no rasgar do mar.
Ali rodam dia a dia os autossauros
E outros móveis de vária condição
Na busca do maná e de tesouros
Agitando a varinha de condão.
Entre o progresso e a selva-desamor
Não é preciso as águas separar
Pois na ausência de um Libertador
Agora há um túnel para atravessar.
Vanglória ou um éden de engenharia?
Virtude da razão ou presunção?
Sopra a brisa em dourada ventania
Num mítico horizonte de salvação.
O coro dos escravos é plangente
E a alma esvaziada contracena:
No coro das elites não há gente
Mas a selva das gentes mete pena!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA