ENTRE O PROGRESSO E A SELVA

Passou à história no rasgar do mar

Agitando a varinha de condão

Agora há um túnel para atravessar

Num mítico horizonte de salvação.

Não há Moisés, nem mesmo dromedários,

Mas sobram os escravos p´ ra salvar…

E um dos sonhos mais extraordinários

Passou à história no rasgar do mar.

Ali rodam dia a dia os autossauros

E outros móveis de vária condição

Na busca do maná e de tesouros

Agitando a varinha de condão.

Entre o progresso e a selva-desamor

Não é preciso as águas separar

Pois na ausência de um Libertador

Agora há um túnel para atravessar.

Vanglória ou um éden de engenharia?

Virtude da razão ou presunção?

Sopra a brisa em dourada ventania

Num mítico horizonte de salvação.

O coro dos escravos é plangente

E a alma esvaziada contracena:

No coro das elites não há gente

Mas a selva das gentes mete pena!

Frassino Machado

In JANELAS DA ALMA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 01/08/2015
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