POVO LUTADOR
“Réplica ao poeta Nelson Filipe”
Povo lutador somos nós
Sem direitos pra defender
Urge, pois, levantar a voz
Na luta, doa a quem doer.
Luta insana, corpo chagado,
Vinda do tempo dos avós
Com destino desventurado
Povo lutador somos nós.
Vemos no horizonte os sem-terra
Que nunca a conseguirão ter
Por isso se reencontra a guerra
Sem direitos pra defender.
Vemos no horizonte os sem-teto
Habitando numa casca de noz
É triste, e logo a céu aberto,
Urge, pois, levantar a voz.
Vemos também os sem-trabalho
O pão do diabo pra comer
Galguemos qualquer atalho
Na luta, doa a quem doer.
Vemos doutra sorte os sem-nome,
Fartos de desonra e fealdade,
E na alma um vazio enorme
Sem direito a qualquer verdade.
Mas há no horizonte os sem-lei
Gozando de uma forma atroz,
Agarremos a luz da Grei
Nela nunca estaremos sós!
Não há tempo pra reflectir
Mas, antes, combater e agir!
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA