PAÍS A SALDO
Já está a saldo o meu país
Enredado por negras teias
Falta só mesmo, por um triz,
Ficarem a saldo as ideias.
Não há esquina sem lamento
Desta vida estala o verniz
Tristonho passa o próprio vento
Por estar a saldo o meu país.
Neste vil fado desgostoso
Todas as notícias são feias
Chora o meu povo pesaroso
Enredado por negras teias.
Nesta complicada viagem
Toda a alma verga a cerviz
Fazer saldo da própria aragem
Falta só mesmo, por um triz.
O esperto Diabo e o Estado
Repartem o negócio a meias
Teme todo povo algemado
Que fiquem a saldo as ideias.
Passeia na rua a desgraça
E não há quem lhe deite a mão
Odeia-se a crise que grassa
Por corromper toda a Nação…
Ó Esperança, onde é que habitas?
Quem já te viu e quem te vê…
Só cá deixas tuas desditas
Sobrando para nós um “porquê”!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA