Quem come na casa alheia só come quando dá certo
Um companheiro faminto
Numa bela tardezinha
Fôra à casa da vizinha
Roubar aquele recinto
Para acalmar seu instinto
Viu a dona ali por perto
Depois que foi descoberto
Foi terminar na cadeia
Quem come na casa alheia
Só come quando dá certo
Um trabalhador roceiro
Pedindo esmola na praça
Vendo uma mulher ricaça
Pedira o pão costumeiro
Ela com um gesto grosseiro
Respondeu de modo incerto
Peça ao padre Felisberto
Que reparta o pão da ceia
Quem come na casa alheia
Só come quando dá certo
Um menino proletário
Imprecando seu repasto
Ouviu de um rico nefasto
Um discurso solitário
disse o grande mercenário:
Não quero vê-lo aqui perto
Vá pedir lá no deserto
Mendigo da cara feia
Quem come na casa alheia
Só come quando dá certo
Um campesino magrito
Implorando a caridade
Ouviu de uma autoridade
Desabafo horrendo e grito
Disse o chefe eu não admito
Partir meu pão com esperto
Chame o sargento roberto
No malandro meta a pêia
Quem come na casa alheia
Só come quando dá certo